Companhia oculta

Me faltam palavras todos os dias
Minhas palavras foram roubadas pelo silêncio
Roubadas pelo excesso, pela urgência de dizer

E do mais, quem se importa com que escrevo?
No fim, nada importa
Os sentimentos não importam
Somente as coisas que um dia você ousou fazer

É na ousadia que me aproximo de você
Caso contrário, sua intelectualidade nunca me notaria
Passaria despercebido pelo brilho impetuoso do seu olhar

Talvez fosse o olhar de clemência por estar ao seu lado
Ou a será piedade que me deixa próximo de você?

Guarde em seu promíscuo coração todos esses sentimentos de misericórdia
A mim não interessa viver de esmolas
Viver dos frutos de um trabalho escravo que faço para satisfazer sua ostentação

Você ainda critica?
Você ainda me condena?

Por quê?

Por te amar e nada fazer para mudar isso.
Melhor para mim, para você e para todos nós.

Assim somos, diante dos fatos e das coisas, leitores da nossa própria história.