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Capítulo VIII - Laranja




Como é possível mudar a cor do passado?! Questionou-lhe, pois já não suporto a inútil tentativa de me questionar.
Passeando obrigatoriamente por lugares que me remetem a lembranças que não quero ter, vi diante de mim meu passado se dissolver.
Ele que antes era amarelo como girassol, banhou-se em seus três andares por um laranja vivo, reluzente.
Aquilo doeu. Os meus olhos arderam de tanta luz que aquela cor produzia, e por um breve momento não vi o que costuma ver. Eu perdi o controle. Eu perdi a razão. Eu perdi o contorno das imagens. Perdi as palavras.
Minha visão ficou embaçada, as minhas pernas doíam. E o meu coração acelerava.


Ontem meu passado mudou de cor.
Ela não estava lá, nem aqui.

È insuportável a ausência da Maria. È insuportável saber que o João está mais vivo do que nunca. È insuportável não poder fazer nada além de viver.

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